12/08/08

O Velho Que Lia Romances de Amor


" O administrador da circunscrição, único funcionário, máxima autoridade e representante de um poder demasiadamente longínquo para infundir receio, era um indivíduo obeso que suava sem descanso.
Diziam os habitantes do lugar que a suadeira dele começara logo que pusera pé em terra depois de desembarcar do Sucre, e que desde então não deixara de espremer lenços, ganhando assim a alcunha de Babosa.
Murmuravam também que, antes de chegar a El Idilio, esteve nomeado para uma cidade grande qualquer da serra e que, por causa de um desfalque, o mandaram para aquele recanto perdido da região oriental como castigo.
Suava, e a sua outra ocupação consistia em administrar a provisão de cerveja. Escorropichava as garrafas bebendo sentado à secretária, em goladas curtas, pois sabia que, depois de terminada a provisão, a realidade se tornaria mais desesperante.
Quando a sorte estava do seu lado, podia acontecer as suas securas serem recompensadas com a visita de um gringo bem abastecido de uísque. O administrador não bebia aguardente como os restantes habitantes da terra. Garantia que a Frontera lhe provocava pesadelos, e vivia acossado pelo fantasma da loucura.
Desde não se sabe que data imprecisa vivia com uma indígena que espancava selvaticamente, acusando-a de o ter embruxado, e todos estavam à espera de que a mulher o assassinasse. Até se faziam apostas a tal respeito.
Desde o momento da sua chegada, sete anos antes, tornara-se odiado por todos.
Chegou com a mania de cobrar impostos por razões incompreensíveis. Pretendeu vender licenças de pesca e caça num território ingovernável. Quis cobrar direito de usufruto aos apanhadores de lenha que juntavam madeira húmida numa floresta mais antiga que todos os estados e, num arroubo de zelo cívico, mandou construir uma choça de canas para fechar lá os bêbedos que se negavam a pagar as multas por alteração da ordem pública.
A sua passagem provocava olhares depreciativos, e o seu suor recompensava o ódio da gente do lugar."

Luís Sepúlveda,

exerto retirado do capítulo segundo de
"
O Velho Que Lia Romances de Amor"
1989

11/08/08

O que engorda...

Chocolate não engorda...


quem engorda é você!!!

A culpa é delas...

As calorias são pequenos animais que moram nos roupeiros e que durante a noite apertam a roupa das pessoas.

07/08/08

Carta de uma Mãe...


Mê querido filho,
ponho-te estas poucas linhas para saberes que estou viva.
Escrevo devagar por que sei que não gostas de ler depressa.
Se receberes esta carta, é porque chegou.
Se ela não chegar, avisa-me que eu mando-te outra.
Tê pai leu no jornal que a maioria dos acidentes ocorrem a 1km de casa. Assim, mudámo-nos para mais longe.
Sobre o casaco que querias, o tê tio disse que seria muito caro mandar-to pelo correio por causa dos botões de ferro que pesam muito.Assim arranquei os botões e puse-os no bolso. Quando chegar aí, prega-os de novo.
No outro dia, houve uma explosão na botija de gás aqui na cozinha. O pai e eu fomos atirados pelo ar e saímos fora de casa. Que emoção: foi a primeira vez em muitos anos que o tê pai e eu saímos juntos.
Sobre o nosso cão, o Joli, anteontem foi atropelado e tiveram de lhe cortar o rabo, por isso toma cuidado quando atravessares a rua.
Na semana passada, o médico veio visitar-me e colocou na minha boca um tubo de vidro. Disse para ficar com ele por duas horas sem falar. O teu pai ofereceu-se para comprar o tubo.
Tua irmã Maria vai ser mãe, mas ainda não sabemos se é menino ou menina, portanto não sei se vais ser tio ou tia.
O teu irmão António deu-me muito trabalho hoje. Fechou o carro e deixou as chaves lá dentro. Tive que ir a casa, pegar a suplente para a abrir. Por sorte, cheguei antes de começar a chuva, pois a capota estava em baixo.
Se vires a Dona Esmeralda, diz-lhe que mando lembranças. Se não a vires, não digas nada.
Tua Mãe Marta.
PS: Era para te mandar os 100 euros que me pediste, mas quando me lembrei já tinha fechado o envelope.

A 4ª Sirene!


O bombeiro chega a casa e diz à mulher:
No quartel temos um sistema excelente,
com o tocar da primeira sirene juntamo-nos em equipas,
com a segunda sirene descemos pela coluna

e com a terceira subimos ao carro e saímos.
A partir de hoje quando eu disser

'primeira sirene' tiras a roupa,
'segunda sirene' vais para a cama, e

'terceira sirene' fazemos amor toda a noite.
No dia seguinte o bombeiro chega a casa e grita
'primeira sirene',

a mulher tira a roupa
de seguida grita
'segunda sirene'

a mulher deita-se na cama
e por fim grita
'terceira sirene'

e começam a fazer amor.
Após alguns minutos a mulher grita
'quarta sirene'
e o bombeiro exclama:

que raio é essa 'quarta sirene' ?
E a mulher responde:
desenrola mais a mangueira porque ainda está longe do fogo...

Beijos, do teu dedicado marido.


Querida:
Muito obrigado pela tua linda e carinhosa carta.
Podes ter a certeza de que eu sei tratar de mim, por isso não te preocupes comigo.
Durante a tua ausência, não se tem passado nada de especial cá em casa.
Enquanto estás fora, tenho preparado o meu próprio almoço, e todos os dias me espanto de como tudo tem saído bem!
Já que estou sempre com pressa, ontem decidi fazer batatas fritas.

Já agora, diz-me uma coisa: era preciso descascar as batatas?
Enquanto estavam a fritar, aproveitei para ir buscar uns brioches à padaria.
Quando voltei, o esmalte da frigideira tinha derretido.
Nunca pensei que o estupor da frigideira aguentasse tão pouco.
E tu que me dizias que o Teflon aguentava tudo e mais alguma coisa!

Já consegui tirar toda a fuligem da cozinha, mas o nosso gato Fred, é que ficou preto que nem um tição, e agora tosse o dia inteiro...
Desde esse dia entra em pânico e foge quando mexo nas panelas ou abro o bico do fogão.
Já que pelo menos uma vez por dia preciso de uma refeição mais elaborada, quando estou a fazê-la, o Fred dá às de «Vila Diogo» e só aparece passadas umas horas...

Diz-me outra coisa: quanto tempo é que é preciso para cozer os ovos?
Eu já os pus a ferver há duas horas, mas mesmo assim, continuam duros que nem uma pedra!
Também queria que me dissesses se se pode aproveitar leite queimado.
Queres que o guarde na despensa até tu voltares?

Na semana passada tive um pequeno contratempo ao cozinhar umas ervilhas.
Vou-te contar: agarrei numa lata e decidi aquecê-la.
Mas, infelizmente, explodiu dentro do microondas.
A porta do microondas foi projectada para fora da cozinha e foi dar contra a nossa pequena estufa de inverno, que claro, ficou partida, assim como a janela.
Como a janela estava fechada (preciso de a fechar antes de começar a cozinhar, senão os bombeiros aparecem outra vez), a porta do microondas arrancou-a também, tal foi a força.
Por sua vez, a lata de ervilhas parecia um foguete a levantar voo!...
Atravessou o tecto e foi embater na filha do Freitas, o nosso vizinho de cima.
Parece-me que ela ficou bem...

Outra coisa: já te aconteceu a louça suja ficar com mofo?
Como é que isto se pode dar em tão pouco tempo?
Afinal, tu foste de férias no mês passado, mas parece que foi ontem!
Aliás, atrás do lava-louças há montes de bichos - daqui a pouco até vai dar para fazer um documentário e vendê-lo ao 'National Geographic'...
De onde é que saíram tantos bichos cheios de pernas?
Puseste alguma coisa que não devias lá atrás?

Bom, isto acabou por fazer com que eu tomasse uma atitude e lavasse a louça.
Por favor não me insultes, meu amor, mas aquele lindo serviço de jantar de porcelana da tua avó, já era...
Eu realmente não contava com isso, afinal de contas parecia tão robusto e sólido!
Bom, talvez eu tenha exagerado um bocadinho ao pôr o lava-louças no 'programa completo com centrifugação'...
Aliás, a máquina de lavar roupa também se escangalhou.
A faca de aço temperado que eu pus lá dentro, sem querer, estragou o cilindro durante a centrifugação, porque ficou presa na parede interna.
Quanto ao cilindro, atravessou a parede de tijolos, fazendo um pequeno buraco, e foi aterrar no jardim.

Durante um dos almoços, sujei a carpete persa com molho de tomate.
Sempre me disseste que as manchas do molho de tomate são impossíveis de tirar.
Ficas a saber, meu amor, que com um bocadinho de aguarrás, sai tudo, mas mesmo tudo, inclusivamente, a lã e a seda da carpete.

O frigorífico estava a fazer muito gelo, por isso tive que o descongelar.
Tenho que te ensinar uma coisa: o gelo sai facilmente se o raspares com uma espátula de pedreiro!
Só não sei é porque é que agora passou a aquecer...
O iogurte, a água com gás e o champanhe, explodiram.

Sabes, querida, na passada quinta-feira, esqueci-me de, ao sair, fechar à chave a porta de casa.
Alguém deve ter entrado, porque faltam algumas coisas de valor, entre elas, aquele colar de marfim que o teu bisavô trouxe da expedição a África, no século XIX.
Mas, como tu costumas dizer, o dinheiro não dá felicidade, e tudo o que é material, é efémero.

O teu guarda-vestidos também está vazio, mas penso que não devem ter levado muita coisa, já que, sempre que saímos, tu dizes que não tens nada que vestir...
Bom, vou ficar por aqui, mas amanhã conto-te mais coisas!
Espero que te descontraias bastante no SPA e que gozes muito o teu descanso.

Beijos mil, com muito amor, do teu Afonso que muito te ama!!!
P.S.: A tua mãe veio cá ver como estavam as coisas, e teve um enfarte.
O velório foi ontem à tarde, mas eu preferi não te contar nada para não te estragar as férias e aborrecer-te desnecessariamente.
Afinal de contas, tens que aproveitar as tuas férias e voltares bem mais descansada do teu SPA.
Beijos, do teu dedicado marido.

03/08/08

Para quem diz: vai fora porque agora há uma criança em casa!









Declaração de Amor à Alentejana!

Minha querida magana..
Desda aquela vez da palha naquele monti
Que aqui ficastes escarrapachada na minha alembradura.
Atão na foi tão bom? Diz laa?
Condolho pra ti com esses bêços de mula,
O mê coração prega purradões nas costelas,
Parece um trator a arrencar ecalitros naquela charneca.
Se mamares comé tamo,
Se machares come tacho
Vamos pedir a tê pai cacete o nosso acasalamento.

Gosto de ti, pôrra!

Poupe Papel...ajude o Planeta!


Nunca interrompa quando alguém fala !!!

O Joãozinho achou tão excitante o que tinha visto que não se conteve e correu para casa para contar à mãe.

- Mãe, mãe, eu estava no pátio da escola, quando vi o carro do pai ir para o bosque com a tia Lídia.
Fui a correr atrás dele para ver o pai e ele estava a dar um grande beijo na tia Lídia...
depois ele ajudou-a atirar a blusa...
depois a tia Lídia ajudou o pai a tirar as calças...
e depois a tia Lídia...

Nesse ponto, a Mãe interrompeu-o e disse :
- Joãozinho, essa é uma história tão interessante, que vais guardá-la para a hora do jantar!
Quero ver a cara do teu pai, quando lhe contares tudo isso, à noite.

Ao jantar, a mãe pediu ao Joãozinho para contar a história.

- Eu estava a brincar no pátio da escola quando vi o carro do pai ir para o bosque com a tia Lídia.
Corri para ver.
O pai estava a dar um grande beijo à tia Lídia.
Ajudou-a a tirar a blusa e a tia Lidia ajudou o pai a tirar as calças e depois a tia Lídia e o pai começaram a fazer as mesmas coisas que a mãe e o tio Jacinto faziam, quando o Pai estava na tropa!

A Mãe desmaiou!

Moral da história:

às vezes, é preciso ouvir a história toda, antes de interrompermos...